No.1 | 1903.07
SUMMARIO|摘要
- Carta Pastoral Do Excellentissimo e Reverendissimo Senhor D. João Paulino D'Azevedo e Castro Bispo De Macau Aos Seus Diocesanos Por Occasião Da Sua Chegada Á Diocese
澳門主教達·若昂·保利諾·達澤維多·卡斯特羅閣下致教區信徒的牧函,慶祝其抵達教區之際。
D. JOÃO PAULINO D'AZEVEDO E CASTRO,
por mercê de Deus e da Santa Sé Apostolica, Bispo de Macau, do Conselho
de sua Magestade Fidelissima.
Aos nossos caros irmãos e amados filhos, Deão e conegos da Sé Cathedral, Clero e fieis d'esta nossa diocesse-saude e benção em Jesus Christo Nosso Senhor e Salvador.
Quando ha pouco mais de um anno soubemos que iamos ser nomeado bispo da diocese de Macau e que essa nomeação seria em breve solemnemente confirmada pelo Supremo Hierarcha da Egreja, um grande abalo se produziu em nós e quasi nos sentimos desfallecer em meio da lucta de sentimentos oppostos que se debatiam em nossa alma.
Deviamos acceitar ou ser-nos-ia licito declinar aquella nomeação? Tal era a difficil questão que se apresentava ao nosso espirito atribulado, em torno da qual se atropellavam diversas rasões disputando-se o triumpho, que nos levavam a resolvel-a ora n'um ora n'outro sentido, deixando porem sempre subsistir a duvida.
Não ir a um tal chamamento, afigurava-se-nos, n'aquelle momento psychologico e nas circumstancias em que tudo se passava, uma desobediencia. Podia ser uma contravenção aos designios da Providencia. Equivaleria a recusar á patria, á religião e á Egreja sacrificios que tinham direito a exigir de nós.
Acceitar porem seria talvez orgulho, temeridade. O episcopado era honra suprema para que absolutamente nos falleciam meritos pessoaes, encargo demasiado grande para quem á deficiencia de dotes, á debilidade ingenita á natureza humana, accrescia o enfraquecimento de forças produzido por annos seguidos de aturado trabalho.
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A familia, a patria, os amigos essa grandiosa trilogia, que resume tudo quanto ha na ordem natural mais digno d'affeição, actua poderosamente no homem em todos os momentos da existencia, ainda quando, influenciado por forças superiores, de tudo pretende desprender-se e libertar-se.
Aquelles entes que o acariciavam desde os primeiros dias, os que para elle tinham um conselho prudente na duvida, um sorriso d'alegria na prosperidade, uma palavra de conforto e uma lagrima de tristeza na desventura; aquelle sol que lhe doirou o desabrochar da vida e que até entrar no tumulo quereria lhe aquecesse a terra que o ha-de receber,-tudo constitue uma especie de meio d'onde lhe é tão difficil mudar como á planta acostumada a um certo clima o ser tansportada para outro sem risco de definhar e morrer.
"Acolá, diziamos, alguma coisa poderiamos fazer em prol da causa do bem. D'ali fóra, tão longe dos que temos sempre tido promptos a coadjuvar-nos, em clima tão differente, em um meio totalmente desconhecido, tendo que ir levar a fé a povos barbaros e selvagens comprehendidos no ambito de tão vasta diocese, na idade em que nos encontramos, isto é, a mais de meio caminho na senda dolorosa que vae do berço ao tumulo-tudo isso é, que farte, para desalentar ainda os mais animosos."
Quereriamos portanto ficar ali no declinar da vida, até que nos chegasse o momento de irmos repousar no seio de Deus, mas na verdade sómente o queriamos no caso d'isso não ir d'encontro á sua vontade, para ali o servirmos e o termos comnosco, dirigindo e amparando nossos passos, santificando nossos actos, auxiliando nossas empresas. Como os discipulos de Jesus Christo na estrada de Emaús diziamos: Senhor, queremos ficar aqui, é já tarde e estamos cançados, mas ficae Vós tambem comnosco. "Mane nobiscum Domine quoniam advesperascit et inclinata est jam dies." (a)
O Deus que reanima e rejuvenesce os anciãos do sacerdocio "Deus qui laetificat juventutem meam" (b); que se serve muitas vezes de meios fracos para a realisação de grandes designios; que dá corgem aos confessores para proclamarem
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(a) Luc. XXIV, 29.
(b) Paal 42. v. 4. no introito da missa.